terça-feira, 18 de maio de 2010

Caso Maristela Just: espera de 21 anos pela justiça





No dia 4 de abril de 1989, a universitária Maristela Just, na época com 25 anos, foi assassinada com três tiros pelo ex-marido, o comerciante José Ramos Lopes Neto. Depois de atirar contra a jovem, os dois filhos e o cunhado, ele foi preso em flagrante. No entanto, ficou atrás das grades por apenas um ano, beneficiado por habeas corpus. Depois de 21 anos, começa nesta quinta-feira (13) o julgamento que irá decidir pela culpa ou inocência do réu. Os filhos de José Ramos, Zaldo Neto, na época com 2 anos, atingido por um tiro na cabeça, e Nathália, que tinha 4 e foi ferida no ombro, vão testemunhar contra o pai.
A família de Maristela Just nunca mais foi a mesma depois da tragédia. Dirce Just ouviu dentro da própria casa os tiros que tiraram a vida de sua filha. Segundo Márcia, irmã da vítima, Maristela estava separada do acusado há dois anos. Ela diz que agressões eram comuns, mas revela que jamais esperava que as ameaças se concretizassem. "Sabemos que não teremos nossa irmã de volta. Nossa família sempre será marcada por essa tragédia, principalmente meus sobrinhos, que perderam a mãe, assassinada pelo próprio pai. A única coisa que queremos é que a justiça seja feita".
Os tiros disparados pelo próprio pai não deixaram apenas sequelas emocionais. O estudante de direito Zaldo Neto, hoje aos 24 anos, tem o lado esquerdo do corpo paralisado. A irmã Nathália, 26, é publicitária e está casada. Ela mantém um blog e um twitter sobre a história da mãe. O marido de Nathália, Luciano Teixeira, diz que o sentimento dos filhos de Maristela Just não é de raiva. "Eles querem apenas justiça".
DEMORA - A promotora Natália Campelo explica que a defesa do réu usou todos os recursos da lei para postergar o julgamento ao máximo. O crime de homicídio doloso (quando há a intenção de matar) prescreve em vinte anos, mas o prazo recomeça a contar quando o juiz dá a sentença de que o acusado pode ir à júri popular. No Caso Maristela, a sentença foi dada em junho de 2001. No ano, a 1ª Vara do Júri de Jaboatão sinalizou que o julgamento seria convocado naquele ano, o que não aconteceu. Nove anos depois, os Just estarão frente a frente com o acusado. "É um sentimento de revolta, tristeza, angústia, sensação de impotência. Nesta quinta, toda a família estará reunida, implorando por justiça", afirma Patrícia Just, irmã de Maristela.
DEFESA - Gil Teobaldo, pai e advogado de José Ramos, afirmou que o filho atirou em defesa da própria honra. "Meu filho entrará no júri condenado e vou provar que é inocente. José matou em torno da defesa da própria honra. Quando buscava a conciliação, ela virou e disse: 'José, você nasceu para ser corno'. E José meteu bala. E digo sem nenhum constrangimento. Se não matasse, não comia na minha mesa, porque o homem tem que ter dignididade", ressaltou.

O criminalista diz ainda que o filho não tinha a intenção de atirar nos filhos e no cunhado. "Os meninos foram atingidos por se encontrarem junto da mãe. Ulisses (irmão de Maristela, que também foi atingido) nunca foi vítima. Por que a família não diz que Ulisses deu três facadas em José? Eu vou mostrar no tribunal", garantiu.


Os parentes de Maristela Just não quiseram comentar as declarações de Gil Teobaldo.

Julgamento do caso Maristela Just é adiado para 1º junho

O julgamento do caso Maristela Just foi adiado para o dia 1º de junho. O réu José Ramos e advogado Humberto Albino de Moraes não compareceram ao julgamento, na manhã de quinta-feira (13/05), no Fórum de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife.
Para o 1º de junho, a juíza Inês Maria de Albuquerque Alves, da 1ª Vara do Juri de Jaboatão, solicitou a presença da Defensoria Pública, pois mesmo que o advogado de defesa nem réu não compareçam, vai ocorrer o julgamento. Ficarão responsáveis pela defesa do réu os defensores Flávia Barros de Souza e José Inaldo Cavalcante. A decisão foi tomada às 10h15, após constatação da ausência injustificada do acusado e do advogado. Por não apresentar justificativa, o advogado Humberto Albino de Moraes foi multado no valor de 50 salários mínimos (R$ 25.500).


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